O termo masculinidade tóxica está cada vez mais em alta, principalmente porque se tem notado que os homens estão cada vez mais reprimidos em relação àquilo que sentem. Caso não saiba, o público masculino representa quase 80% do total de casos de suicídio no Brasil. Com o passar do tempo, a saúde mental tem sido cada vez mais discutida na sociedade e é sobre isso que gostaríamos de falar hoje.

Origem

Masculinidade tóxica é, em linhas gerais, um termo que se refere às características estereotipadas voltadas ao comportamento masculino dentro da sociedade, principalmente no que diz respeito à relação que eles desenvolvem com as mulheres.  Tais características são tidas, de forma muito acertiva, como nocivas ou restritivas, influenciando diretamente no modo de viver social do homem.

A masculinidade tóxica deve ser tida, mas não somente nesse sentido, como um conjunto de mitos imposto e transmitido desde muito cedo através dos garotos, os quais são os principais prejudicados desse comportamento institucionalizado no âmbito social.

Nesse sentido, coisas como “homem de verdade” e “ser macho” são características bastante comuns dessa ideologia e contém ameaças implícitas cuja toxicidade precisa ser discutida: o valor da identidade do homem só é validada se ele agir de acordo com as expectativas criadas em torno dele, revelando-o  como um ser autoritário e agressivo. 

A masculinidade tóxica é, portanto, a forma como os homens lidam com as pressões sociais que sobre eles são impostas, criando uma espécie de comportamento equivocado e destrutivo, refletindo não somente sobre eles mesmos, mas principalmente sobre outros homens e mulheres. Dentro desse contexto, eles se utilizam de armaduras emocionais comportamentais para evitar quaisquer dúvidas relativas à sua orientação sexual ou mesmo à sua virilidade, configurando, assim, fugas de postura muito características.

No entanto, não é de todo correto afirmar que o termo só pode ser associado aos homens. Diante da nossa estrutura educacional, é comum ver também muitas mulheres reproduzirem este comportamento, o que impulsiona a propagação e dificulta ainda mais o combate a essa forma de pensar e agir.

Masculinidade tóxica: o que é e o que podemos fazer para neutralizá-la na sociedade

Como os homens devem lidar com a masculinidade tóxica

Apesar de ressaltar uma nuance nociva do comportamento masculino, a masculinidade tóxica não pode ser tida como uma característica intrínseca ou natural dos homens. Devo dizer mais: a masculinidade, por si só, não deve ser tida como algo que possui uma natureza tóxica, uma vez que o que valida essa ideologia é o contato com equivocadas maneiras de pensar e agir constituídas dentro das sociedades, as quais as fortalece com passar do tempo. Entenda, assim, que os homens não devem ser tidos naturalmente como autoritários e impulsivos e que esse tipo de construção é produto da sociedade. A masculinidade tóxica pode ser combatida com educação e instrução adequadas às nossas crianças.

Está mais do que claro que precisamos aprender a lidar com esse grande conflito social de forma urgente. Para isso, precisamos, primeiramente, aceitar a existência da masculinidade tóxica no âmbito social como um fato que precisa da devida atenção, pois só quando assumimos a existência de um problema é que poderemos combatê-lo eficazmente. Assim, a partir do momento em que os homens aceitarem a masculinidade tóxica como um fato social e ao qual somos condicionados desde a infância, haverá possibilidade de entendê-la e, posteriormente, de combatê-la dentro das estruturas em que se encontra.

Sendo assim, as crianças passarão a ser melhor educadas e, com isso, começarão a entender novos padrões de “ser homem”. A partir daí, haverá uma desconstrução em relação aos esteriótipos que giram em torno da masculinidade, possibilitando uma melhor visão em relação a este importante tema e, consequentemente, uma diminuição dos prejuízos gerados a partir disso. Essa tarefa, porém, não é uma das mais fáceis. Isso demandará um esforço constante, além de autoanálise, reflexão e monitoramento das próprias atitudes. E, não tenha dúvidas, ouvir a mulheres e aprender a lhes conceder o  devido local de fala, o que é de suma importância.

Assim, cabe ao homem o papel de parar para compreender o quanto a masculinidade tóxica é nociva para a sociedade como um todo, sobretudo, para o próprio homem e, dessa forma, passar a implementar na sua vida mais sensibilidade, empatia, acolhimento, características que são, em geral, associadas ao sexo feminino ou ao ‘homem afeminado’.

Masculinidade tóxica: o que é e o que podemos fazer para neutralizá-la na sociedade

Mitos que reforçam o conceito de masculinidade tóxica 

  • MITO 1  : Cabe a um homem estar sempre sob controle e jamais demonstrar tristeza, medo, ansiedade ou vulnerabilidade emocional.
  • MITO 2: Cabe a um homem fazer sexo sempre que houver oportunidade para tanto, e todo homem cuja libido não funciona adequadamente é desprovido de valor.
  • MITO 3: Cabe a um homem agir de maneira agressiva e competitiva sempre
  • MITO 4: Cabe a um homem expressar interesse por coisas como futebol, cerveja e sexo. Se não o faz, ele é afeminado.
  • MITO 5: Não é conveniente que um homem seja delicado ou compassivo.
  • MITO 6: Cabe a um homem ser forte e poderoso o bastante para conquistar todas as coisas que deseja, tanto para si mesmo quanto para aqueles que ama.
  • MITO 7: Cabe a um homem ser perfeitamente autossuficiente e atingir o sucesso sem que o auxiliem ou o apoiem de maneira alguma.
  • MITO 8: Cabe a um homem exercer domínio sobre todas as mulheres de sua vida.
  • MITO 9: Cabe a um homem exercer domínio sobre os homens mais fracos do que ele.
  • MITO 10: Cabe a um homem sustentar a casa sozinho e, se ele não conseguir, não é um homem de verdade.

Por que levar o debate sobre masculinidade tóxica para as escolas

Amplamente discutido na atualidade, o conceito de masculinidade tóxica tem sido trazido cada vez mais às rodas de conversas, como também à mídia e até mesmo – e mais importante ainda – à educação. E o mais interessante e vital disso é que os próprios homens têm iniciado e abraçado essas discussões. Mas ainda estamos muito longe de um cenário ideal!

Muitos projetos têm sido criados para explicar às crianças e aos jovens o verdadeiro conceito de masculinidade. Em conjunto a isso, é superimportante a desconstrução de outros conceitos como machismo, por exemplo.

A escola é um dos principais ambientes para se introduzir discussões dessa natureza. Segundo a professora Eliane Malteze, diretora da Escola Técnica Estadual (Etec) Profª Drª Doroti Quiomi Kanashiro Toyohara, localizada em Pirituba, São Paulo…

“Como precisamos construir um ambiente escolar colaborativo e responsável, é importante evitar rótulos, desconstruir preconceitos e discutir o papel de homens e mulheres entre os estudantes”.

Esse tipo de iniciativa é importante, por exemplo, para prevenir a violência de gênero, principalmente porque, em geral, o agressor dos casos de violência contra a mulher é um homem.

Portanto, trazer estudantes para discussões em torno do conceito de masculinidade tóxica é extremamente importante. Dessa forma, haverá muito mais consciência no papel do homem na construção de uma sociedade com mais equidade. Temos muito trabalho pela frente!

Masculinidade tóxica: o que é e o que podemos fazer para neutralizá-la na sociedade

O QUE É MASCULINIDADE TÓXICA? | DESENHANDO

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