Escravidão no Brasil é um projeto criado pela artista digital Marina Amaral que teve como objetivo restaurar e colorir fotografias tiradas às vésperas da abolição da escravidão. A dificuldade para desenvolver o projeto se deu por dois motivos principais: o primeiro, porque a artista não conseguia encontrar fotografias de escravos do século 19 com boa resolução; a segunda, porque nas fotos que encontrava, as pessoas ainda eram retratadas como propriedade de algum senhor de escravos.

Antes disso, porém, Marina ganhou destaque na mídia ao ter colorido fotos das vítimas dos campos de concentração de Auschwitz. Segundo a artista, ela sempre quis fazer um projeto sobre a história do Brasil.

Alberto Henschel, fotógrafo por trás dos registros

As fotos com as quais Marina Amaral trabalhou foram tiradas pelo fotógrafo Alberto Henschel. Ele, um dos pioneiros da fotografia no Brasil naquele século, retratou extremamente bem a realidade vivida na época e, a partir disso, ela teve a ideia de trazer cor às fotos, a fim de dar uma nova perspectiva a toda a dimensão histórica que envolve este fato.

Fotógrafo profissional, o alemão Alberto Henschel retratou a monarquia brasileira, incluindo o imperador Dom Pedro 2º e sua família. Tendo inicialmente trabalhado em estúdios localizados em Recife e em Salvador, foi em 1870 que ele passou a atuar também em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo.

Significado do colorismo de Marina Amaral

Você bem deve imaginar que o processo de colorir uma foto não é tão rápido assim, não é mesmo? Pois bem, Marina levou entre 3 a 5h para colorir cada uma delas. Alguns fatores influenciaram na duração total do processo, como, por exemplo, a condição em que se encontravam as imagens.

E há quem diga que esse processo é simples. Muito pelo contrário, colorir uma foto de época desprende uma necessidade de pesquisa, principalmente para se ter certeza do tom de pele de cada pessoa fotografada. Para tanto, a artista digital se baseou na escala de cinza das fotos originais. Segundo Marina, colorir as fotos possui um significado muito profundo não somente para ela, mas também para quem acompanha o seu trabalho.

“Aplicar cores a esses fotos permite que as pessoas criem uma empatia maior, humaniza as vítimas. Fotos monocromáticas parecem uma coisa quase irreal, parece que aconteceu há tanto tempo, que não foi de verdade”.

O objetivo de Marina é, sobretudo, nos levar à reflexão. Ao observar o seu trabalho, seremos levados a ter cada vez mais consciência a respeito desse acontecimento tão marcante da humanidade, assim, teremos um olhar de mais empatia em relação às pessoas envolvidas pelo trabalho escravo.

“Foi a primeira que eu fiz algo relacionado à história do Brasil que gerou um impacto tão grande”, diz Marina, sobre a reação positiva que os dois primeiros trabalhos da série tiveram nas redes sociais.

O fato de colorir as imagens faz recair sobre elas um aspecto mais humanizado, diferentemente da impressão que uma imagem em preto e branco é capaz de proporcionar. Além disso, é importante que o fato seja encarado como atual, somente assim não incorreremos em de repente esquecer algo tão grave como esse erro histórico.

O projeto inicial era bem mais tímido do que se tornou, tendo em vista que Marina iria apenas divulgar as fotos nas redes sociais. No entanto, a reação do público foi tão boa que ela decidiu expandir ainda mais a relevância de seu trabalho.

“Resolvi convidar alguns professores e autores brasileiros para dar um contexto para as fotos. A idéia principal é apresentar a história do Brasil para os meus seguidores de fora, já que a maior parte do meu público é da Europa e dos Estados Unidos. […] E também que falem dos impactos desse período nos dias de hoje, porque vivemos as consequências da escravidão todos os dias.”

Confira abaixo o trabalho de Marina Amaral e veja como ficou a restauração de fotos tiradas antes da abolição da escravidão no projeto “Escravidão no Brasil”. CLIQUE AQUI para visitar o site da Marina Amaral e conhecer mais sobre o PHOTO COLORIZATION & RESTORATION!

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