Dr. Dolittle vive com uma variedade de animais exóticos e conversa com eles diariamente. Porém, quando a jovem rainha Victoria fica doente, o excêntrico médico e seus amigos peludos embarcam em uma aventura épica em uma ilha mítica para encontrar a cura.

Mais um Dr. Dolittle, para quê?

“Dolittle” é mais um filme a representar o problema da falta de criatividade e ousadia dos estúdios, o que eu já disse na crítica de “O Grito” recentemente. Por que dar espaço para novas ideias e jovens diretores do cinema independente se há a possibilidade de contar algo familiar e quase todo construído em computação gráfica? Essa é a lógica da Universal para o longa. E pior, tentaram usar o nome de Robert Downey Jr. como chamariz de público.

Porém o tiro saiu pela culatra e os mais de 300 milhões de dólares gastos com produção, pós-produção, regravação e distribuição jamais retornarão aos cofres da distribuidora. Vamos ver se agora eles aprendem a começar a dar menos espaço para reboots e remakes e mais lugar a novas obras. Até porque, Dolittle está em sua terceira versão e é uma franquia que nunca foi tão bem sucedida. Não sei quem pensou que seria uma boa ideia começá-la do zero de novo.

Além disso, o longa é mais um a fazer sessões testes, receber feedback negativo e voltar para praticamente refazer o filme. Roteiro reescrito, remontagem, novas composições em efeitos visuais, regravação e por aí vai. Não tinha como dar certo!

Tudo isso fica aparente em tela. A começar pela cena inicial feita em animação, recurso que não volta mais para o filme. Portanto fica claro que era algo só para preencher um espaço da narrativa que não havia sido gravado.

O roteiro é uma bagunça infinita, não sabe de onde quer sair e aonde quer chegar. Não sabe se o seu universo vai fazer uma fantasia simples, com animais falando com o Dolittle ou uma fantasia total com dragões e objetos mitológicos. Ademais não faz ideia se vai ser para crianças ou para adultos.

dolittle 2020

Resultado

E o que temos é um filme extremamente infantilóide e de mau gosto, que conta com umas das cenas mais patéticas que vi em anos. Entretanto, ela está longe de estar sozinha, são vários seguimentos que incomodam demais por causa de uma vergonha alheia não intencional.

Visualmente, ora o longa vai mais para um lado realista, com animais e construções de cenários bem feitos, ora é extremamente artificial a ponto de parecer que os animais estão inacabados. Até uma ROLDANA em uma cena específica grita à tela dizendo que é CGI. Sem contar com os momentos em que os animais falam, aí não tem um que se salve, já que a voz saindo não condiz com o movimento da boca.

O elenco composto por bons atores é outro desastre. Eu poderia falar de todos eles, mas prefiro ficar só com Downey Jr., um ator talentoso que vive apenas o mesmo personagem há mais de uma década. Então, quando finalmente tem a chance de fazer algo novo ao sair do MCU e após declarar que queria construir personagens mais interessantes… ele escolhe fazer um remake patético, em que constrói a caricatura do cientista louco e ainda apela para um sotaque ridículo e uma voz sussurrada sem sentido.

Eu conseguiria ficar até amanhã falando mal desse filme, mas prefiro não gastar nem mais um segundo em uma obra que não se deu ao trabalho de ser minimamente honesta.

Nota: 1.5

Crítica em vídeo:

Assista abaixo à crítica em vídeo que eu fiz sobre o longa em meu canal, o 16mm.

Assista ao trailer:

Ficha Técnica:

Título original: Dolittle (Dolittle)
Data de lançamento: 20 de fevereiro de 2020 (1h 30min)
Direção: Stephen Gaghan
Elenco: Robert Downey Jr., Antonio Banderas, Michael Sheen mais
Gêneros: Comédia, Filmes Infantis
Nacionalidade: EUA