“Aprendiz de Espiã” traz como protagonista um agente da CIA que é encarregado de espionar uma mãe e uma filha. Depois de descoberto pela menina, ele começa a ser chantageado por ela.

Aposta no convencional

Como é comum na carreira de Peter Segal (“Golpe Baixo”, “Como Se Fosse a Primeira Vez”), “Aprendiz de Espiã” é mais um filme que se propõe a ser uma comédia para família e nada além disso. O longa não tem nem vergonha de utilizar todos os clichês possíveis e imagináveis dos gêneros que aborda. Se pensarmos na ação, alguns dos clichês mais recorrentes são: personagem dirigindo pela contramão atrás do vilão, perseguição de um carro contra um avião, veículo à beira do precipício, só para citar três. Todos esses e mais alguns outros estão presentes na obra.

Mas o problema é que em algum momento o filme decide parodiar e brincar com algumas convenções do gênero de espionagem, porém, enquanto satiriza umas, o roteiro se debruça sem perceber em muitas outras para tentar funcionar. Basicamente tudo que envolve os filmes de espião aqui é tão absurdamente clichê que chega a irritar.

Por sorte, o longa usa a espionagem como premissa e conclusão, mas no geral está muito mais interessado na relação entre o protagonista (Dave Bautista) e a criança (Chloe Coleman), que é sem dúvidas o segmento que mais funciona, ainda que bastante genérico.

aprendiz de espi

O contraste entre eles, tanto físico quanto em relação a vida que vivem, é o que sustenta as melhores piadas no longa. E, nesse contexto, eles buscam até tocar em alguns temas mais profundos, envolvendo a mãe da garota, que ora funciona, ora é bem piegas.

Referências

Todavia o que mais incomoda em toda obra é o maior clichê do cinema e da televisão no momento: o uso de referências. Nada contra esse recurso, em alguns longas ele até funciona por ser sutil ou por servir à trama. Porém maioria dos casos elas são usadas apenas como uma forma forçada de fazer humor ou para tentar esconder as fragilidades do roteiro. E “Aprendiz de Espiã” usa destas duas maneiras.

Os primeiros 15 minutos do filme deve ter batido o recorde de mais referências por segundo e todas elas sem propósito algum narrativo. Chega ao absurdo do protagonista usar uma fala de “Um Lugar Chamado Notting Hill” e em seguida outro personagem explicar a referência com um “ele citou Um Lugar Chamado Notting Hill”.

Isso chega a ser ofensivo, a referência geralmente é uma brincadeira com o público para ver se este é capaz de pegá-la ou não. Explicar uma referência nesse nível beira o patético.

Mas o pior é que o longa tem tanta tara pelas referências que decide fazer várias que provavelmente grande parte do público não vai fazer ideia do que significa, até porque se trata, pelo menos em teoria, de um filme que deve funcionar para as crianças também.

Nota: 4.5

Leia também: [Crítica] O Homem Invisível (2020)

Assista ao trailer:

Ficha Técnica:

Título original: My Spy (Aprendiz de Espiã)
Data de lançamento: 12 de março de 2020 (1h 35min)
Direção: Peter Segal
Elenco: Dave Bautista, Chloe Coleman, Kristen Schaal mais
Gêneros: Comédia, Ação
Nacionalidade: EUA