“Ameaça Profunda” conta a história de um grupo de cientistas que trabalham em uma plataforma a 11 km no fundo do mar. Complicações acontecem e eles tentam sobreviver contra seres desconhecidos.

Uma bagunça

Depois da Fox deixar o filme na geladeira por três anos, finalmente a Disney (após comprar a Fox) lançou “Ameaça Profunda” nos cinemas em janeiro deste ano. O mês é conhecido por ser a época que as distribuidoras descartam os filmes com pouca chance de fazer sucesso com público e crítica. É quase como um mês feito para os estúdios esconderem os filmes que eles têm vergonha, já que janeiro recebe a menor taxa de público nos cinemas norte-americanos, muito graças ao clima.

E, como quase todo filme de janeiro, “Ameaça Profunda” é uma bomba. Foram U$40 milhões em bilheteria contra mais de U$60 milhões de orçamento. Dessa forma, o longa ficou pouco tempo em exibição. Entretanto, ele chegou ao Telecine Play e pode ser assistido por todos que assinam a plataforma.

Porém, muitos dos problemas do filme estão longe de ser culpa do roteiro ou do diretor William Eubank. Nenhum filme demora tanto tempo para lançar sem nenhuma alteração na pós-produção e aqui fica claro que o filme sofreu uma séria remontagem. Isso até explicaria a duração inferior a 90 minutos, a inexplicável narração em off, o final feito em recortes de jornal e a simplicidade da história e do desenvolvimento de personagens. “Ameaça Profunda” é quase como um sanduíche que teve parte do seu recheio tirada e nada foi colocado no lugar.

Dessa forma, o filme acaba sofrendo com uma trama que muitas vezes perde o sentido. É possível se especular também se a visão family friendly da Disney não tornou o filme mais higiênico do que deveria. É um filme de terror que tenta emular a atmosfera e o horror de “Alien – O Oitavo Passageiro”, mas tem medo de usar o impacto do gore.

ameaca profunda 2

Claustrofóbico e só

Ainda assim, “Ameaça Profunda” está longe de ser um desastre completo. O longa se aproveita bastante de sua ambientação e o seu bom elenco, sobretudo Kristen Stewart e Vincent Cassel, que conseguem se virar razoavelmente bem com o pouco aprofundamento de seus personagens. Fazendo bom uso do escuro e do ambiente apertado, o primeiro ato é de longe a melhor parte do filme e consegue emular toda a claustrofobia que o filme precisa. O fato de estarem submersos a mais de 11.000 quilômetros debaixo d’água e incomunicáveis aumenta a vulnerabilidade dos personagens, enquanto uma ameaça desconhecida ataca nas sombras.

Mas, infelizmente, a partir do segundo ato, a missão de sobrevivência obriga o grupo a sair de dentro da plataforma. E o que era claustrofóbico se torna indecifrável. O CGI carregado e escuro junto ao excesso de planos fechados e uma câmera que rompe o eixo de 180º constantemente, faz com que o se torne impossível para o espectador entender o que está acontecendo em tela. O público só pode esperar as cenas terminarem para descobrir quem segue vivo. Não tem como esperar que o público se mantenha engajado depois de mais de 30 minutos sem fazer ideia do que está acontecendo.

Nota: 4.5

Assista ao trailer:

Ficha Técnica:

Título original: Underwater (Ameaça Profunda)
Data de lançamento: 9 de janeiro de 2020
Direção: William Eubank
Elenco: Kristen Stewart, Vincent Cassel, TJ Miller mais
Gêneros: Terror, Suspense
Nacionalidade: EUA